domingo, 6 de dezembro de 2009

IGOR EPIFÂNIO, LARISSA GARCIA E CELO COSTA!

THAIS ALVES, IGOR EPIFÂNIO, CELO COSTA E LARISSA GARCIA!
(A MULHER BARBADA. TRECHO DO TEXTO( SOLO) APRESENTADO POR LARISSA GARCIA).




LEITURAS MUSICADAS



DIREÇÃO ARTÍSTICA: THAIS ALVES

SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO DOS TEXTOS: THAIS ALVES


LEITURA 18 DE DEZEMBRO:

TEMÁTICA:
"A MULHER BARBADA E EU....TUDO O QUE OS MEUS OLHOS PODEM VER..."

ATORES:

LARISSA GARCIA

IGOR EPIFANIO


MÚSICO

CELO COSTA


AUTORES: KARINA ALLATTA, NÔ BRITO, BILLY COX E TRECHOS DE GUIMARÃES ROSA E DOSTOIEVSKI



"Outono... As folhas já estão no chão. A luz ao entardecer è tão linda e límpida como um raio de sol. Mais suave, talvez. Inspira uma paz muito grande.
A beleza è mesmo redentora. Faz você se sentir parte. O olhar recorta exatamente o que se deseja ver. O céu as arvores, o sol, a rua, as pessoas... E o vento? Este canta os acontecimentos do dia: a nevoa ao amanhecer, o sol esquentando lentamente, o movimento das nuvens, o tramonto (o entardecer) enfim, à noite... Silenciosa ou cheia de ruídos... O tempo que passa devagar e para alguns tão rápido... Para aqueles que esperam, certamente devagar, quase se arrastando... Para os esperançosos, como um segundo no relógio...Eu vou seguindo como quem espera uma grande surpresa ao cruzar uma esquina. Meus olhos de criança que descobre o mundo, às vezes me traem. Esta tudo aí. Bem na minha frente. Eu já vi. Dejavu. Eu já fui. E ainda sou!"
(Texto- Outono) de Karina Allatta)


"Eu amava o cheiro, o gosto e as cores da vida de circo. Eu amava meu número: manipuladora da platéia... as vezes assustadora, ás vezes maravilhosa... Quando os pais traziam seus filhos pra tocar a minha barba, eu era mansa como um gato e ronronava pra eles. Pra os fazendeiros e trabalhadores braçais eu era uma fera ardendo em chamas. Dançava ate deixa-los no ponto"

(Trecho da peça "A MULHER BARBADA" Escrita por Billu Cox. Solo de Larissa Garcia).

"Eu quero a sina de um artista de cinema
Eu quero a cena onde eu possa brilhar
Um brilho intenso, um desejo, eu quero um beijo
Um beijo imenso, onde eu possa me afogar
Eu quero ser o matador das cinco estrelas
Eu quero ser o Bruce Lee do Maranhão
A Patativa do Norte, eu quero a sorte
Eu quero a sorte de um chofer de caminhão
Pra me danar por essa estrada, mundo afora, ir embora
Sem sair do meu lugar
Pra me danar, por essa estrada, mundo afora, ir embora
Sem sair do meu lugar
Ser o primeiro, ser o rei, eu quero um sonho
Moça donzela, mulher, dama, ilusão
Na minha vida tudo vira brincadeira
A matinê verdadeira, domingo e televisão
Eu quero um beijo de cinema americano
Fechar os olhos fugir do perigo
Matar bandido, prender ladrão
A minha vida vai virar novela
Eu quero amor, eu quero amar
Eu quero o amor de Lisbela
Eu quero o mar e o sertão
Eu quero amor, eu quero amar
Eu quero o amor de Lisbela
Eu quero o mar e o sertão
(música- Lisbela e o Prisioneiro)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

sábado, 31 de outubro de 2009

Cristiane Pinho, Laura Haydee, Soraya Aboim e Kleber Aguiar
Eu e as Flores que Kari Allatta mandou, lindooooooooooooo!


Laura Haydee, Soraya Aboim, Thais Alves,Kleber Aguiar e Cristiane Pinho!
Mulheres Desenvolvidas....Fazendo caras e bocas para Kleber!

PRÓXIMA LEITURA:

DATA: 27 DE NOVEMBRO!

ANIVERSÁRIO DE DOIS ANOS DAS LEITURAS MUSICADAS!


TEMÁTICA:
RELATOS...DESABAFOS
COM MULHERES DESENVOLVIDAS....

DIREÇÃO:

THAIS ALVES

SELEÇÃO DOS TEXTOS:

THAIS ALVES

ATRIZES:

LAURA HAYDEE
CRISTIANE PINHO


CANTORA:

SORAYA ABOIM

MÚSICO:

KLEBER AGUIAR

AUTORA:
THAS ALVES ( TEXTO MULHERES DE-SENVOLVIDAS)

domingo, 25 de outubro de 2009



FELIZ COM A MARCA DAS LEITURAS...UMA COM COR OUTRA SEM COR.
AGRADECIDÍSSIMA A PAULO ROCHA, O CRIADOR DA REVISTA MUFA.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

PAULO ROCHA, ANA CARTAXO,AMARÍLIO SALES, CLÉCIA QUEIROZ E THAIS ALVES.



"MEU AMOR, SÓ TÚ, PODES ME BEIJAR....SÓ TÚ.....LÁ NO TÚNEL DO AMOR"

Trecho da Música de Celly Campello




PRÓXIMA LEITURA: 23/ 10/ 2009

TEMÁTICA:

DELÍRIOS aos anos 60....

DIREÇÃO:

THAIS ALVES

ATORES:

AMARÍLIO SALES

ANA CARTAXO

CANTORA:

CLÉCIA QUIROZ

MÚSICO: EDÚ NASCIMENTO

ESCRITORES:

PAULO CONCEIÇÃO

CLAUDIA BARRAL

SELEÇÃO DOS TEXTOS:

THAIS ALVES

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Daniela Sampaio, Marcia Andrade, Ricardo Castro, Cal Suzart, Thais Alves e Karina Rabnovitz


Colcha de Retalhos coloridos!!!
PRÓXIMA LEITURA 25 DE SETEMBRO:

DELÍRIOS.... FRAGMENTADOS!

DIREÇÃO:
THAIS ALVES

SELEÇÃO DOS TEXTOS:
THAIS ALVES E KARINA ALLATTA


ATORES:

RICARDO CASTRO

MARCIA ANDRADE


MUSICISTA:

CARLA SUZART



AUTORES:

KARINA RABNOVITZ

THAIS ALVES

DANIELA SAMPAIO

E

TRECHOS DO LIVRO "ALICE ATRAVÉS DO ESPELHO"
TRECHO DO FILME " SOB O SOL DA TOSACANA"




"EU TENHO QUE AGRADECER A UMA PESSOA QUE ESTA EM OUTRO PAÍS ARRASANDO...EU ESTAVA TENDO PÉSSIMA IDÉIAS...ELA ME DISSE ALGUMAS COISAS QUE MUDARIAM TUDO...ELA DISSE QUE ERA PARA EU PEGAR UMA DAS PÉSSIAMAS IDÉIAS E DESENVOLVÊ-LAS, DISSE TAMBÉM: "O MAIS BELO É SENTIR TUDO VERDADEIRAMENTE" ENTÃO FIZ ISSO. ELA FALOU: "PÉSSIMAS IDÉIAS SÃO COMO BODES EXPIATÓRIOS NO DEVIDO TEMPO TORNAM-SE GENIAS..."
BOM, FOI O QUE EU FIZ...ME LANCEI PARA O MUNDO, ABRI A MINHA PORTA...ESTOU SENDO...
A MINHA AMIGA!!!TIM!TIM! OS SENTIMENTOS VASTOS NÃO TEM NOME"

TRECHO ADAPTADO DO FILME: "SOB O SOL DA TOSCANA"

terça-feira, 18 de agosto de 2009

DELÍRIOS...

FABIO FERREIRA E KAROL SENNA
PAULO CONCEIÇÃO



KAROL SENNA E KARINA ALLATTA
THAIS ALVES, KARINA ALLATTA, KAROL SENNA E FABIO FERREIRA




















PRÓXIMA LEITURA 28 DE AGOSTO...

TEMA: DE-LI-RI-OS...

DERRAMADOS POR MÚSICAS DE CAETANO VELOSO...

DIREÇÃO:
KARINA ALLATTA
THAIS ALVES

SELEÇÃO DOS TEXTOS:
THAIS ALVES
KARINA ALLATTA

ELENCO:
FABIO FERREIRA
KAROL SENNA


MÚSICO:
PAULO CONCEIÇÃO



AUTORES: POEMA DE FAUZI ARAP E CONTOS DE THAIS ALVES




































quarta-feira, 15 de julho de 2009

NOSTALGIA

MARITA VENTURA, ALICE BARRETO E SUZANA BELLO
RICARDO SANGOVANNI, CLEIDSON, SUZANA BELLO, KARINA ALLATTA, MARITA VENTURA, THAIS ALVES E ALICE BARRETO.


PRÓXIMA LEITURA: 31 DE jULHO

DIREÇÃO:
THAIS ALVES E KARINA ALLATTA

SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO DOS TEXTOS: KARINA ALLATTA E THAIS ALVES

ARTISTAS:
ALICE BARRETO
MARITA VENTURA

MUSICISTA:
SUZANA BELLO

AUTORES:
RICARDO SANGIOVANNI E POEMA DE FERNANDO PESSOA

quarta-feira, 10 de junho de 2009

NOSTALGIA...

Thais Alves, Karina Allatta,Giulia Allatta, Luciana Comin, Marconi Araponga e Giovana Franco!





DIA 19/06/2009

Temática: NOSTALGIA!

DIREÇÃO -THAIS ALVES E KARINA ALLATTA

ATORES – LUCIANA COMIN E MARCONI ARAPONGA

MÚSICO – PEU ALVES

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL: GIULLIA ALLATTA

SELEÇÃO DOS TEXTOS – THAIS ALVES E KARINA ALLATTA

AUTORES - ADRIANA FALCÃO, CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, THAIS ALVES

LOCAL: TOM DO SABER(Rio Vermelho)
DATA: 19/06/09
HORA: 20:00
ENTRADA FRANCA!


MÚSICA "PÃO DOCE"

Não adianta mentir pra mim mesma
Ficar me enganando, tentando dizer
Que nunca na vida, nunca na vida eu gostei de pão doce
Porque por mais que eu queira esconder
A verdade é que eu adorava pão doce
Não podia passar sem pão doce
Bastava ver padaria, que logo eu ia, que logo eu ia Comprar
Não adianta mentir pra mim mesma
Porque no fundo, porque no fundo eu sei muito bem
Que essa história toda de não comer açúcar
Que essa história toda de não comer pão branco
Que essa história toda de viver de mel e pão integral
Isso tudo só foi começar muito depois
Depois de um tempo em que eu era
Tão completamente ingênua
Tão sem força de vontade
Que as doces delicadezas
De qualquer guloseima
Lânguidas me seduziam
E minha língua sofria
De incontrolável fascínio
Por cremes dourados
E frutas cristalizadas
Feito rubis incrustadas
Nas crostas crocantes dos pães
Mas hoje
Hoje tudo é diferente
Se eu olho pruma padaria, me ponho cismando, chego a duvidar
Como é que pôde um dia
Eu ter entrado tanto lá!...Porque por mais que eu queira, mas que eu queira
Mentir pra mim mesma
Ficar me enganando, tentando dizer
Que nunca na vida, nunca na vida eu gostei de pão doce
Fazendo um exame detido, sendo sincera, eu tenho que admitir
Que a verdade, meus amigos(pelo menos no que tange a trigos)
A verdade no duro, doa a quem doer
A verdade é que eu adorava pão doce
A verdade é que eu adorava pão doce
A verdade é que eu adorava pão doce...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

"LUDICIDADES"

Edward Passos, Karina Allatta e Sergio Telles
Sergio Telles com Levi, Gabriel Dominguez, Edwarde Passos, Karina Allatta e Thais Alves









PRÓXIMA LEITURA 29/05/2009


DIREÇÃO:


THAIS ALVES


SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO DOS TEXTOS:


KARINA ALLATTA E THAIS ALVES


ATORES:


KARINA ALLATTA

SERGIO TELLES

EDWARD PASSOS


MÚSICO: Gabriel Dominguez (A volante do Sargento Bezerra)

AUTORES:

MACHADO DE ASSIS, CLARICE LISPECTOR, HILDA HILST E THAIS ALVES...

"Lembro dela... Batons vermelhos, uma blusa que fazia vazar Martini com Cereja...Lembro cada movimento que ela fazia diferente...Seu cabelo nascia diverso...Um aroma exalando..."
(Trecho do conto "Martini com Cereja"- Thais Alves)
"Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca."
(Trecho do livro- Dom Casmurro- Machado de Assis)
















domingo, 5 de abril de 2009

LEITURA 24 DE ABRIL!! TEMA: LUDICIDADE!

Caio Rodrigo, Ana Cartaxo, Thais Alves, Karina Allatta e Robertinho Barreto


PRÓXIMA LEITURA 24 DE ABRIL:


TEMA: L U D I C I D A D E...




DIREÇÃO: KARINA ALLATTA

SELEÇÃO DOS TEXTOS: KARINA ALLATTA E THAIS ALVES


ATRIZES: ANA CARTAXO E THAIS ALVES


ATOR: CAIO RODRIGO

MÚSICO: ROBERTINHO BARRETO (LAMPIRÔNICOS!)


AUTORES: FERREIRA GULLAR, GEORGE ALVES, ALICE RUIZ E THAIS ALVES






(...) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."
(Cecília Meireles)



Era lá no banheiro onde eu conseguia desvendar cada parte do que eu sou. Quando eu era pequena o banheiro era o meu melhor amigo. Eu transportava o meu mundo todo para lá. Era aquele espaço; amigo-quarto-baú, pedaços do meu corpo.Naquele lugar eu descobria o meu mundo a cada momento em que ele se renovava...Eu lembro, quando foi à primeira vez que eu olhei para o objeto mais intrigante e provocador que me atraia; A PRIVADA. Foi como imã que ela me puxou. Imaginei sua quina, sua beirada...Pensei que ela poderia me proporcionar prazeres encantadores...Não sei como foi esse encontro...Eu e a privada...Sei que aos pouquinhos fui agachando o meu corpinho pequeno, sete anos, enganchando o meu sexo à beirada...Lembro que comecei a balançar...Era como um brinquedo, um balança-balança...Acho que tinha a mistura de algo delicioso e ao mesmo tempo podre...Onde, talvez, eu misturasse tudo...O gozo...Mijo...A descarga...Descarregar...Descarregando tudo...
...

Fiz do banheiro fantástico, meu fiel escudeiro...Cheio de possibilidades inusitadas na minha triste-alegre cabecinha...Descobri no banheiro... Uma das casas mais fabulosas da Barbie...Era fantástico...!!Digo isso porque quando eu era menor que sete ou quase sete anos...Eu tinha o sonho de ter a coleção inteira da Barbie...De ter um casarão da Barbie...
(Trechos do conto "Diário: Banheiro Fantasticamente Fabuloso!". Thais Alves)

segunda-feira, 2 de março de 2009

sábado, 28 de fevereiro de 2009

PRÓXIMA LEITURA 27/03/2009: LUDICIDADE!


COMEMORAÇÃO: DIA DO TEATRO E DO CIRCO!!!

DIREÇÃO:
KARINA ALLATTA
THAIS ALVES

ARTISTAS:
OLGA LAMAS (Atriz/Dançarina)
RITA AQUINO (Dançarina/Acrobata)
SANDRA SIMÕES (Cantora/Atriz)


TEXTOS:
KARINA RABNOVITZ
THAIS ALVES
ALESSANDRA NOHVAIS
ALICE SANT'ANA



( Partes do Conto: "E Foi Porque Eu Cismei De Querer Você Que Você Apareceu")

Um dia o mundo virou de cabeça para baixo, como eu gosto de plantar bananeira, acrobacias atrai o meu corpo, consegui me salvar da nova geografia em que o mundo se configurava...O meu cabelo como havia também se encurtado não cobriu o meu olho na hora de ficar de cabeça para baixo, a sensação era diferente, uma liberdade equilibrista, eu era a maior acrobata da nova ordem do mundo crescido

...

Eu entro na lona circo do mundo, subo na cama elástica, dou piruetas, vou para a corda bamba, depois arrisco no trapézio, ando de monociclo, faço contorcionismo com o corpo mole, me seguro na corda, equilibro objetos...eto...jetos...Eles já estão sendo equilibrados...ados...Olho para o palhaço, gargalho da sua risada, desconfio do coelho do mágico, cuspo fogo de desejos, atiro facas, sou bailarina...E você dança....
Pode ser contos cantados em cantos, certo...?
Dancei contado, digo cantando, novos contos...IRRITADAMENTE COM TERNURA ELA ME ENTROU

(Thais Alves)



Debaixo da lona

Misturei picadeiro com pandeiro
Me equilibrei
Nas cordas do violão
Meu coração Saltou como um trapezista
Das mãos da malabarista
Às notas do bandolim
Respeitável público
O meu samba é assim
Feito de alegria de verso e prosa ternura e paixão
Debaixo da lona do circo
O samba acontece na palma da mão...
Debaixo da lona do circo dá samba
Debaixo da lona do circo tem samba

(Música- Sandra Simões)


meu primeiro...

ele vinha pra dentro
e elas - as ondas - por cima de mim.
cheiro de jasmim
na beira da praia
deitada
sem saia, nua,
para que ele fosse o primeiro - o Mar -
e descobrisse a lua,
o universo inteiro
de dentro de mim,
cheio de jasmim.
lambidas de sal,
num entra-e-sai...
carrossel,
céu azul
luminoso,
sussurros,
areia molhada.
gozo.
no meu ventre,
um filho dele vai chegar.
um filho meu com...
... o Mar.
(Karina Rabnovitz)

EFEMERIDADES


LEITURA 27/02/2009: EFEMERIDADES...

ATRIZES:
JUSSARA MATHIAS
E
MIRELLA MATOS

MÚSICO:
LUCAS DOURADO

TEXTOS:
KARINA RABNOVITZ
ELISA LUCINDA


currículo
meu nome eu mesma.
meu endereço em mim.
meu cadastro de pessoa física este corpo,
que dentro é céu e é jardim.
meu registro geral não foi registrado
e desde meu nascimento,
numa quarta-feira de cinzas,
nutro certo encantamento,
por tudo que não é numerado.
meu telefone anda ocupado,
uma família de pássaros fez um ninho
bem no fio da minha linha
desde então, ali só se aninha
o canto de uma mãe que espera.
pra falar comigo,
só mesmo depois da primavera,
quando do nascimento do novo passarinho.
minha formação profissional
segue um caminho
amador.
já que insisto no amor.
a formação que me interessa é emocional.
minhas atividades atuais:
pensar na vida
e uma corrida sem fim à beira-mar...
encontrar saídas e
encontrar entradas,
para essa vontade desmedida
de viver, de amar.
por fim, minhas referências pessoais,
é melhor que eu não diga
ou que você pergunte a ninguém...
elas serão sempre mais.
mais verdadeiro
que você descubra,
na convivência comigo,
meu tempero,
minha loucura,
minha ternura,
meu desassossego...
então?
é meu, o emprego?
(Karina Rabnovitz)

EFEMERIDADES


LEITURA DE JANEIRO 30/01/2009

TEMA:
EFEMERIDADES

ATRIZES:
HEBE ALVES
MIRELLA MATOS

CANTORA:
NANCYTA

Textos de:
Guillaume Apollinaire
Clarice Lispector
Claudia Barral
Jorge Mautner


Zulmira.

Um dia Lúcia quis olhar pra Zulmira e não pôde. Teve pânico. Não sabia o que estava acontecendo entre as duas, não podia olhar-lhe na cara. Não é normal, entre amigas. Zulmira era amiga. Não era? Era porque um dia ela disse. Depois daí nada mudou. Agora não podia vê-la. Quando cruzavam os olhos, ficava enjoada.
Mas o que é isso que acontece? O que acontecia é que ela estava sentindo e estranhava. Sentia raiva, ódio. Foi ao espelho e viu a sua expressão de fúria. Agora estava pronta para encarar Zulmira, já sabia quem ia ser.
Sabia também quem eram os amigos. Não sabia? Se Zulmira era boa, por que a odiava? Pensou em Zulmira, na forma como a tratava, na forma como era tratada de volta. Seu ódio explodiu como um vulcão. Quis cravar as unhas no rosto da amiga. No rosto feio da amiga. O problema era esse: Lúcia era bonita, Zulmira era feia. Lúcia era o brinquedo, o troféu, o imã, o objeto da sutil perversidade de Zulmira. Uma vez, Lúcia lhe pediu um sapato emprestado para um encontro e estava animada, teve que voltar à sua casa algumas vezes até Zulmira lhe dizer que não tinha mais o sapato. Noutra ocasião, Zulmira deu fim no gato de Lúcia só para vê-la chorar.
Lúcia era bonita, mas era uma, de forma que Zulmira se refestelava com os restos. Quando os urubus chegavam, ela comia ensopado de urubu, comia os rejeitados, comia as sobras do prato de Lúcia. Sendo feia, como era, não havia outro jeito de se aproximar dos homens. Lúcia era a isca, ela era é hiena, os homens são cruéis.
O amor? O amor viria depois. Viria sem ver cara, cheio de perdão e glória, o amor é incêndio e força. Mas Zulmira era o ódio.
Aproveitadora, ambas sabiam. Nada precisaria ser dito. Ela sentia e bastava.
Durante muito tempo esteve nua, não sabe quem lhe feriu, estava ausente.
Agora voltava a ver uma fresta de luz dentro do seu próprio breu, estava se vestindo de emoções, nascia berrando e era bom. Era um milagre, como a vida. Estava alegre e atenta, era uma mulher humana, inteira carne. Sua respiração era pesada e quente, ela não sabia nada, estava forte.
Esperava o momento de encontrar a outra, queria olhá-la com ódio, queria senti-lo, gastá-lo. A leoa ia expulsar a hiena. Ia comer em paz. Estava feliz, não queria falar. Tinha ódio e estava feliz. Aceitava. Estava sendo amiga de si mesma.
Eu me aceito, disse em voz alta. E o primeiro dia da sua vida começou a amanhecer.
(Claudia Barral)